Aconteceu na manhã desta sexta-feira (27) a celebração ao Cadáver Desconhecido, com o intuito de agradecer ao corpo biológico por sua contribuição para o conhecimento. Ocorrida no Departamento de Morfologia do Centro de Ciências da Saúde (CCS), no setor de Anatomia Humana da Universidade Federal do Piauí (UFPI), a homenagem foi feita por meio de apresentações dos estudantes, recitação de poemas, textos e apresentações musicais.

Mesa de abertura da homenagem ao cadáver desconhecido

O evento contou com a participação do Pró-Reitor de Extensão, o Prof. Dr. Miguel Ferreira Cavalcante Filho; a Pró-Reitora de Assuntos Estudantis e Comunitários, Profa. Dra. Cristiane Batista Bezerra Torres; a Chefe do Departamento de Morfologia, Profa. Dra. Carla Maria de Carvalho Leite; e a Coordenadora do Setor de Anatomia, Profa. Dra. Selma Maria Moura.

Chefe do Departamento de Morfologia, Profa. Dra. Carla Maria de Carvalho Leite

A primeira homenagem foi em 1973 e durante esses 42 anos, segundo a Chefe do Departamento de Morfologia, professora Carla Maria de Carvalho Leite, o cadáver é tratado além do sentido biológico para o ensino, que acaba se tornando muito racional, e sim com o devido respeito da sua contribuição, transferindo isso ao corpo aos longos desses anos. "É importante para os profissionais da área da saúde essa humanização. A homenagem é no sentido de agradecer a uma pessoa sem nome, um indigente. Esse respeito ao cadáver é também pela anatomia humana. Usamos isso em sala de aula para o estudante ter o devido respeito pelo corpo. Transcedemos esse respeito na homenagem".

Pró-Reitor de Extensão, o Prof. Dr. Miguel Ferreira Cavalcante Filho

Para o Pró-Reitor de Extensão, o Prof. Dr. Miguel Ferreira Cavalcante Filho, a homenagem foi além da humanização, da visão ética que os acadêmicos deverão ter sobre o próximo, pois a questão cultural é um empreendimento de grande contribuição para o desenvolvimento do ser humano. "A solenidade me emocionou e me modificou, porque ensinar o estudante a respeitar o cadáver é o ensimento mais promissor de respeito, você vai ter uma visão mais aprimorada sobre o ser humano. É um momento para os professores proporcionarem aos estudantes algo a mais, pois tem cultura e arte, eles declamam, cantam e isso agrega, empolga e estimula o acadêmico. O evento é muito singelo, mas o valor é imensurável. O estudante precisa disso, pois não é uma máquina, mas eles tem sentimentos".

Estudante do 2º período de medicina, Dário Henrique Vale

Segundo o estudante do 2º período de medicina, Dário Henrique Vale, o momento serve para haver uma reflexão mais ampla sobre a profissão e que a sensibilidade ao outro não deve ser esquecida. "O evento é importante também para nós estudantes, para lembrar que somos uma pessoa, reviver esse sentimento humano que está morto e é ameaçado na nossa profissão. As pessoas falam que temos que perder a sensibilidade, mas a homenagem nos lembra que não é bem assim, esse sentimento com o próximo é necessário na área da saúde".

Estudantes do 2º período de medicina, Dário Henrique Vale e Kelvin Hagi Fonsceca, cantam "Tempo Perdido"

De acordo com a Lei n° 8.501, de 30 de novembro de 1992, estes cadáveres podem ser utilizados para o ensino e para a pesquisa. O processo para obter o corpo é por meio de um procedimento formal de doação, por documentação, entre a Universidade e o Instituto Médico Legal (IML). É necessário que o cadáver seja indigente. Ao chegar à UFPI fica seis meses sem ser analisado, para só então começarem os estudos.

Missa em Ação de Graças pelo "Cadáver Desconhecido", presidida pelo Padre Amadeu Matias

No encerramento foi realizada uma missa, celebrada pelo padre Amadeu Matias, como símbolo do velamento e agradecimento ao corpo.